Economia Brasileira Desacelera, Mas Supera Expectativas no Segundo Trimestre

A economia do Brasil registrou uma perda de ritmo no segundo trimestre, mas ainda assim apresentou um desempenho acima do esperado pelo mercado. O resultado foi impulsionado pela resiliência do setor de serviços e por avanços significativos na indústria extrativa, conforme dados oficiais divulgados nesta terça-feira.

Desempenho Trimestral

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,4% no período de abril a junho, em comparação com o trimestre anterior. A projeção de economistas consultados em uma pesquisa da Reuters era de uma expansão de 0,3%.

O resultado representa uma desaceleração significativa em comparação com o crescimento revisado de 1,3% registrado no primeiro trimestre, período que foi fortemente beneficiado pela produção sazonal do agronegócio, um dos pilares da economia nacional. Na comparação anual, o PIB expandiu 2,2%, em linha com as expectativas do mercado.

Análise de Especialistas e Projeções

Gustavo Rostelato, economista da Armor Capital, comentou que, apesar da leve surpresa positiva, os dados do PIB trouxeram poucas novidades, confirmando uma desaceleração gradual do consumo das famílias.

Para Liam Peach, economista sênior de mercados emergentes da Capital Economics, o crescimento mais fraco da economia brasileira contribui para uma melhora no cenário da inflação, que deve continuar nos próximos trimestres. Isso, segundo ele, abre espaço para que o Banco Central comece a reduzir as taxas de juros por volta do final deste ano. “No geral, esperamos um crescimento do PIB em torno de 0,3% ao trimestre nos próximos períodos, com o crescimento para o ano de 2025 fechando em 2,3% e ficando abaixo de 2,0% no ano seguinte”, observou.

Impacto da Política Monetária e Consumo

Para conter a inflação, o Banco Central do Brasil mantém sua taxa básica de juros em 15%, um patamar próximo ao mais alto das últimas duas décadas. A autoridade monetária já sinalizou a intenção de manter essa política por um período “muito prolongado”.

Os efeitos desse aperto monetário já são visíveis. Os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo, recuaram 2,2% no segundo trimestre, pressionados pelos altos custos de crédito. O Ministério da Fazenda, após a divulgação dos dados, indicou um possível viés de baixa em sua projeção de crescimento de 2,5% para este ano, que sucedeu uma expansão de 3,4% em 2024. O consumo das famílias, por sua vez, aumentou 0,5%, sustentado por medidas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apoiar os salários, embora tenha desacelerado em relação à alta de 1,0% do trimestre anterior.

Brasil Fortalece Posição no Setor Energético Global

Enquanto a economia em geral mostra sinais de moderação, o Brasil busca fortalecer sua posição estratégica em um setor-chave: o de energia. Em um movimento que reforça sua importância nos mercados globais, o país deu um passo decisivo para se integrar ainda mais ao principal órgão de política energética do mundo.

Solicitação à Agência Internacional de Energia

Nesta terça-feira, a Agência Internacional de Energia (AIE) confirmou ter recebido uma carta de ministros do governo brasileiro solicitando formalmente o início do processo de adesão do Brasil como país-membro pleno da organização. Atualmente, o país, que atingiu produção recorde de petróleo e gás em julho, é um membro associado da AIE, que conta com 32 membros plenos.

O diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, saudou a iniciativa: “O Brasil é um pilar fundamental do sistema energético global hoje, e sua importância só tende a aumentar nos próximos anos. Estamos ansiosos para discutir os próximos passos com o Brasil e nossos governos membros”.